A Academia Barra-Cordense de Letras e sua origem histórica


Para formarmos uma ideia segura e nítida do papel que vem exercendo, no contexto da evolução literária do Maranhão,  a Academia Barra-Cordense de Letras, mister se faz estudar-lhe a história pregressa, colimando as várias associações que a precederam  e que constituem, por assim dizer, os elos que se concatenam uns aos outros, na corrente do desenvolvimento cultural de nosso município.

As primeiras manifestações literárias de que se tem registro, em solo barra-cordense, remontam à segunda metade do século XIX, naquela manhã memorável de 7 de setembro de 1858, quando o tabelião e poeta Pedro Alexandrino Gualberto de Macedo Leão declamou, em solenidade pública, um oportuno poema de sua lavra, em cujas estrofes propala nosso primeiro gentílico – “Povo Barrense”. Nessa época, Barra do Corda era apenas uma tenra vila, com população inferior a 500 habitantes, incluindo escravos.

Todos são concordes em que “O Norte”, criado a 12 de novembro de 1888, foi não apenas o marco da imprensa barra-cordense, seu mais fecundo arrimo e propulsor, mas também a principal referência objetiva do surgimento da produção mental que então começava a se processar entre nós, agregando em seu bojo intelectuais e artistas que fizeram história no alto sertão maranhense e além, entre os quais nomeamos, em sua fase inicial, Isaac Martins, Dunshee de Abranches, Frederico Figueira, Rocha Lima e Melo Albuquerque. 

A franca hostilidade ao Trono deflagrada das páginas d'O Norte, desencadeou o surgimento sucessivo de outros periódicos locais, a exemplo do combativo “Campeão” (1892), cuja maior glória foi ter feito circular os primeiros poemas de Maranhão Sobrinho, “O Porvir” (1896), de propriedade e redação de Maranhão Sobrinho, e “O Guarany” (1899), o último paradeiro da safra poética do grande aedo em solo barra-cordense.

Morto o expoente máximo de nossas letras, a 25 de dezembro de 1915, o culto à sua pessoa não demoraria a aparecer. Assim foi que, sob a égide do grande bardo, funda-se, em 12 de março de 1922, o Grêmio Literário “Maranhão Sobrinho”, tendo como finalidade precípua “o desenvolvimento intelectual e a educação cívica da mocidade barra-cordense”.

A década de 1940 assinala um período de profundas mudanças no setor econômico, social, político e cultural de Barra do Corda. Por essa época, retorna a Barra do Corda, depois de longo périplo em Roma, Raimundo Nonato da Silva, então Frei Paulo, recém-ordenado presbítero em Sobral, no Ceará. Logo passa a agregar em torno de si algumas das personalidades mais representativas, entre as quais Francisco Walter Meneses, Éden Salomão, Maria Conceição Guimarães, Wolney Milhomem, Lourival Pacheco e outros, criando-se, em 1946, o Grêmio Literário “Machado de Assis”.

Nesse mesmo ano, surge no cenário de nossas letras a figura emérita do poeta, sertanista, indigenista e etnólogo Olímpio Cruz, com a publicação do poema indígena “Puturã”, seu livro de estreia. Autor das letras do Hino Oficial de Barra do Corda eCanção Cordina, é Olímpio Cruz quem irá arregimentar e conjugar esforços para a fundação, no dia 22 de março de 1949, do Centro Cultural “Maranhão Sobrinho”, com uma estrutura organizacional semelhante à das academias, tendo, inclusive, o seu próprio periódico – “O Lumiar”. Mais tarde, surgiu o Grêmio Recreativo Cultural “Maranhão Sobrinho”, fundado por Suarez Pinto Cavalcante, de tendência clubística, secundando-o, entre outros, Clodomir Teixeira Milhomem e Olímpio Cruz.

Finalmente, em 28 de julho de 1992, data que marca a adesão do Maranhão à Independência do Brasil, reuniram-se os sócios fundadores do Grêmio Recreativo Cultural “Maranhão Sobrinho” e mais pessoas da representação cultural da sociedade, na Sala de Honra do Clube de Mães de Barra do Corda, com a finalidade de instalar solene e oficialmente a Academia Barra-Cordense de Letras – Casa de Maranhão Sobrinho. Sua primeira Diretoria compunha-se de Nonato Silva – Presidente, João Pedro Freitas da Silva – Vice-Presidente, Sebastiana Coracy C. Piauilino – Secretária, e Galeno Edgar Brandes – Orador Oficial.

Constituída inicialmente de 35 cadeiras, ampliou esse quadro para 40, em 1995. Cada cadeira está sob o patronato de um vulgo iminente da cultura barra-cordense, tendo Maranhão Sobrinho como seu patrono geral.O quadro atual do Silogeu, conforme a ordem das cadeiras, está assim constituído: Fernando Eurico Lopes Arruda, Kissyan Castro, Tâmara Pinto, Sebastião Bonfim, Mário Hélder, Jorge Abreu, Eduardo Galvão, Álvaro Braga, Efe Brandes, Coracy Piauilino, Juraíza Bílio, Assis Soares, Heider Morais, Alda Brandes, Dorgival Castro, Marcos Pacheco, Luciana Martins, Isael Lobão, Jagne Amorim, Delta Martins, Osmar Monte, Luís Carlos Rodrigues da Silva, Josemar Santos, Nadje Maranhão, Íris Fialho, Fernando Braga, César Braga, Domingos Augusto, Sidney Milhomem Filho, Francisco Brito, José Bernardo, Aldaléa Brandes, Olímpio Cruz Neto, Marinete Moura, Antonio Carlos Lima, Augusto Galba, Olímpio Cruz Filho, Gracinha Santos, Rubem Milhomem e Luzia Barroso.

Desde a sua fundação, há 26 anos, a Academia Barra-Cordense de Letras mais se tem firmado como uma instituição operante e necessária, um verdadeiro reduto em que vicejam poetas, jornalistas, cronistas, dramaturgos, filólogos, filósofos,pedagogos, professores, historiadores, economistas, engenheiros, magistrados, militares, diplomatas, médicos, músicos, teólogos, artistas plásticos. Em todos eles a mesma luz, o mesmo ideal: o cultivo das letras, da literatura local e a promoção da cultura em todos os seus aspectos.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Fortunato Fialho - O primeiro prefeito de Barra do Corda

Padre Servídio e a antiga Matriz de Barra do Corda

OS 105 ANOS DA MORTE DE MARANHÃO SOBRINHO