Euclides Maranhão e a Revolução de 30
EUCLYDES
MARANHÃO nasceu em Carolina/MA, no dia 21 de setembro de 1883. Era filho de
José Cavalcante Maranhão e D. Benvinda Pereira Maranhão. O pai, cearense, tio
do poeta Maranhão Sobrinho, depois de um tempo em Carolina, onde foi escrivão
da coletoria provincial, veio se estabelecer com a família em Barra do Corda.
Aqui, Euclydes fez os primeiros estudos. Em São Luís estudou no Liceu
Maranhense. No Rio de Janeiro foi aluno da Escola Militar do Realengo, onde,
segundo Galeno Brandes, “teria, sem dúvidas, se preparado, como milhares de
oficiais alunos, para as conspirações contra o governo, visando as mudanças
institucionais”. Tanto que tomou parte com outros cadetes, em 1904, na “Revolta
da Vacina”, adepto que era das ideias de Lauro Sodré, que se opunha a tudo o
que cerceava as liberdades individuais.
Ao
retornar a Barra do Corda, em 1907, reuniu-se com vários outros moços na antiga
Casa da Câmara, e proferiu entusiástico discurso contra as oligarquias,
afirmando que “somente aqueles que acompanharem as ideias espalhadas pelo Dr.
Lauro Sodré, poderão alcançar a verdadeira forma republicana”[1].
Em
1908, foi professor do externato “Frederico Figueira”; em 2 de agosto de 1911,
nomeado Major da Guarda Nacional do Maranhão e, em 1914, 3º suplente de Juiz seccional
de Barra do Corda. Nas eleições do dia 30 de outubro de 1915, elegeu-se
Deputado Estadual com 11.840 votos. Barra do Corda tinha agora o seu
representante junto ao Congresso Legislativo do Estado, cuja atuação, nos anos
de 1916 a 1918, foi das mais profícuas, a exemplo da apresentação de uma emenda
autorizando a abertura de uma estrada de rodagem ligando Barra do Corda a
Grajaú[2]. Vereador em 1917, foi eleito
presidente da Câmara Municipal de Barra do Corda, e, em 1919, Secretário da
Junta de Alistamento Militar.
Infenso
à situação política dominante do seu tempo, Euclydes Maranhão tornou-se um dos mais
poderosos elementos reacionários do Alto Sertão. Em 1925, durante a passagem
por Barra do Corda da Coluna Prestes, foi acusado não só de estar fornecendo víveres,
munições e dinheiro aos “revoltosos”, mas também de estar “fomentando um
levante de civis nas regiões de Codó, Barra do Corda e Mata[3], visando o retardamento da
marcha de tropas governistas para o centro do Estado”[4]. Teve, porém, na pessoa do
Dr. Costa Gomes, ex-Juiz de Direito de Barra do Corda, e da do Desembargador
Barros e Vasconcelos, dois inusitados defensores, que viam nele mais uma vítima
dos “politiqueiros de aldeia”.
No
dia 10 de outubro de 1930, dois dias antes de se processarem as eleições para a
sucessão da administração pública local, entrou em Barra do Corda com gente
armada, ocupando militarmente as repartições de maior responsabilidade. Depôs o
prefeito Gerôncio Falcão[5], fechou a Câmara
Municipal, presidida então por Manoel Salomão[6], afastou dos cargos os
escrivães do 1º e 2º Ofício, Balbino Pacheco e Almir Silva. Homem de confiança
do Interventor Reis Perdigão, para cá fora enviado como porta-voz da Revolução
de 1930, incumbido de organizar com o Dr. Mourão Rangel, Juiz de Direito da
Comarca, uma “Junta Governativa”, removendo dos lugares administrativos “apenas
os mais suspeitos e perigosos à Revolução”[7]. Estabelecida a Junta,
deixa Barra do Corda em 17 de outubro, dirigindo-se para Codó/MA. Informado
pela Junta que elementos da velha política haviam organizado uma dissidência
partidária para apoiar o governo do Dr. Pires Sexto, volta a Barra do Corda sob
a recomendação de máxima tolerância e garantias amplas a todos os adversários, evitando
reclamações e descontentamentos que pudessem desvirtuar as intenções
“alevantadas” da Revolução Brasileira.
Em 9 de janeiro de 1931, o Ten. Cel. Luso Torres passa a assumir a Interventoria do Estado, tendo Euclydes Maranhão de entregar o poder local ao novo prefeito nomeado – Ten. Natal Teixeira Mendes.
Em 9 de janeiro de 1931, o Ten. Cel. Luso Torres passa a assumir a Interventoria do Estado, tendo Euclydes Maranhão de entregar o poder local ao novo prefeito nomeado – Ten. Natal Teixeira Mendes.
Transfere-se
definitivamente para Pedreiras/MA, onde ingressa nas fileiras do Partido
Socialista Brasileiro, tornando-se membro proeminente do diretório. Nomeado prefeito
de Pedreiras em 11 de março de 1933, permaneceu no cargo até o dia 27 de junho
de 1935. Entre os muitos trabalhos e melhoramentos que ali realizou está a
conclusão do aterro do trecho da rua Cel. Mariano Lisboa, interrompido havia
mais de meio século, a construção do Matadouro e de um Grupo Escolar.
Faleceu
em São Luís, no dia 26 de julho de 1961.
[5]O prof. Galeno
Brandes, em seu livro “Barra do Corda na História do Maranhão”, 1ª ed., p. 280,
faz crer que o prefeito deposto no dia 10 de outubro de 1930 foi Abílio Pereira
da Silva. Sabe-se, no entanto, por inúmeras fontes, a exemplo da “Pacotilha”,
de 18.mar.1930/26.jul.1930/12.set.1930, de “O Imparcial”, de
19.mar.1930/21.abr.1930, que o prefeito naquela ocasião era Gerôncio Falcão.
Ele mesmo o afirma no “Notícias”, de 8.mar.1934. Assim, Gerôncio Falcão foi
prefeito de Barra do Corda em duas ocasiões: de 1916 a 1918 e de 1928 a 1930.
[6] Ainda na mesma
obra de Galeno, à pág. 281, é dito que, na Câmara Municipal, àquela época, “era
presidente o senhor Manoel de Melo Milhomem”. Contraditoriamente, Manoel José
Salomão, no dia 10 de fevereiro de 1930, emite uma nota ao jornal “O
Imparcial”, endereçada ao Governador Magalhães de Almeida, apresentando-se como
Presidente da Câmara Municipal de Barra do Corda (O Imparcial, S. Luís, 12.fev.1930,
p.8). Ver também a edição de “O Imparcial”, de 26.ago.1931, p. 4, em que o
próprio Interventor Natal T. Mendes corrobora o fato).
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